Facebook se mostra decepcionado após encontro com Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reuniu nesta sexta-feira, 21, com os diretores das principais empresas
tecnológicas do país para explicar os progressos na reforma dos
programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em
inglês), medidas estas que não foram consideradas suficientes para o
Facebook.
A rede social emitiu um comunicado no qual mostrava sua decepção
após o encontro, que aconteceu faltando uma semana para expirar o prazo
determinado por Obama para que sua equipe de governo finalize e
apresente as reformas dos polêmicos programas de espionagem da NSA.
Depois da reunião de 90 minutos, a Casa
Branca reforçou o compromisso do governo com a proteção dos usuários em
comunicado. "O presidente reiterou o compromisso de sua administração
em tomar medidas que possam dar aos cidadãos uma maior confiança de que
seus direitos estão sendo protegidos e, ao mesmo tempo, permitam
preservar as importantes ferramentas que garantem nossa segurança".
O setor tecnológico
do país, um dos atores principais nesse debate, ficou em polvorosa
depois que as revelações do ex-técnico da NSA Edward Snowden sobre a
espionagem nos Estados Unidos reduziram a confiança de seus usuários
nacionais e estrangeiros.
Google, Microsoft, Facebook, Yahoo! e outras companhias
publicaram uma declaração conjunta no dia 17 de janeiro, depois que
conheceram as propostas de Obama para modificar as práticas da agência, na qual consideraram que "faltam abordar detalhes cruciais sobre este assunto".
O Facebook foi o primeiro e, por enquanto, o único a reagir após o
encontro com Obama e considerou, em comunicado, que "mesmo que o
governo tenha dado passos úteis para a reforma de suas práticas de
vigilância, estes simplesmente não são suficientes".
"As pessoas de todo o mundo merecem saber que suas informações
estão seguras e nós do Facebook vamos continuar exigindo que o governo
seja mais transparente sobre suas práticas e proteja as liberdades
civis", acrescentou.
As primeiras reformas na NSA anunciadas em janeiro por Obama não
convenceram em seu país, onde os legisladores democratas e republicanos,
as empresas tecnológicas e os grandes meios de comunicação as tacharam
imediatamente de pouco concretas.
Obama, que defendeu então em um discurso esperado o equilíbrio
entre segurança e privacidade, não conseguiu satisfazer os que pedem que
os programas de espionagem da NSA sejam mantidos intactos para evitar
ataques contra os EUA, nem os que acreditam que os mesmos já foram longe
demais.
Compareceram ao encontro o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg;
o do Netflix, Reed Hastings; o presidente do Google, Eric Schmidt;
assim como o fundador da Palantir, Alexander Karp; o executivo-chefe do
Box, Aaron Levie, e do Dropbox, Drew Houston.
A reação do Facebook após a reunião chegou uma semana depois que
Zuckerberg expressou na rede social sua indignação pelas práticas das
autoridades dos EUA na internet ao considerar que causam "um dano" que
terá consequências, uma queixa que levou até o próprio presidente da
nação.
Zuckerberg disse então que se sentia "frustrado" e "confuso"
diante das "repetidas informações sobre o comportamento do governo dos
Estados Unidos", como disse em sua carta que foi divulgada justo no dia
seguinte que o site "The Intercept" reportou que a NSA utilizava o
Facebook como álibi para sua espionagem.
Segundo esse site, fundado pelo jornalista Glenn Greenwald, que
divulgou os polêmicos documentos originais de Snowden, as autoridades
americanas mascaram seus servidores como se fossem os do Facebook para
invadir os computadores de pessoas de seu interesse e ter acesso aos
seus dados. Em resposta a essa informação, a NSA emitiu um breve
comunicado no qual qualificou de "equivocadas" tais afirmações.
Zuckerberg tem a impressão, no entanto, que as autoridades
poderiam estar excedendo esses limites."Liguei para o presidente Obama
para expressar minha frustração sobre o prejuízo que o governo está
causando para todo o nosso futuro. Infelizmente, parece que ainda vai
demorar muito tempo para uma reforma verdadeira e completa", comentou há
uma semana.
Ainda resta saber como as outras empresas tecnológicas vão reagir
e também o Congresso, ao qual Obama deixou a última palavra nesse
assunto, na próxima semana, quando o governo apresentará suas reformas
na NSA após meses de deliberações nas quais participaram vários
departamentos.
por:terra