Filha denuncia que médicos jogaram perna amputada da mãe no lixo para esconder causa de sua morte
O que era para ser uma cirurgia de correção de uma anomalia no
quadril se transformou em um pesadelo para os familiares da dona de casa
Leuda Alves da Cruz, 62 anos. Internada no Hospital das Clínicas do
Acre desde a última quarta-feira (24), a dona de casa teve complicações
durante o procedimento cirúrgico e precisou ter a perna direita amputada
e foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave.
Após dois dias de sofrimento a dona de casa não resistiu e morreu na
tarde deste sábado (27).
O caso revoltou os familiares da paciente que procuraram ac24horas para denunciar, o que eles classificam como erro médico.
De acordo com a filha de Leuda Cruz, Ângela Maria Alves da Cruz
Mugrabe, durante a cirurgia sua mãe teve uma artéria cortada o que
causou uma hemorragia e comprometeu a circulação de sangue na perna
direita.
A gravidade do ferimento ainda comprometeu o funcionamento de outros
órgãos como rins e fígado e fez com que a dona de casa fosse internada
em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das
Clínicas, em Rio Branco. O quadro clinico da paciente se agravou e ela
veio a óbito por volta das 15h00.
A direção da unidade de saúde tentou justificar o erro como uma
fatalidade e disse que todos os esforços para reestabelecer a saúde e
salvar a vida da dona de casa foram empregados pela equipe médica.
Leuda Cruz nasceu com uma má forma congênita na região do quadril e
que ao longo dos anos foi se agravando por conta de uma artrose. Nesta
semana a dona de casa aproveitou a chegada de médicos do Instituto
Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), que realizaram um mutirão
de cirurgias ortopédicas para solucionar o problema e se livrar das
fortes dores que sentia que só era controlada a base de remédios.
Conta os familiares que durante o procedimento cirúrgico uma artéria
de grosso calibre foi rompida causando uma forte hemorragia. Ainda
segunda versão deles, o procedimento cirúrgico teria sido interrompido
para os médicos tentar controlar o sangramento. Pelo menos três
cirurgias teria sido realizadas, mas a hemorragia não cessou e os
médicos ainda teriam realizado um corte na perna na tentativa de drenar a
hemorragia, mas não obtiveram sucesso e decidiram por amputar a perna
da dona de casa.
Por conta da hemorragia os rins e o fígado de Leuda Cruz paralisaram e
ela teve que ser internada as pressas na UTI e ser submetida a
hemodiálise. Nas ultimas 24 horas o quadro clinico da paciente se
agravou e os esforços realizados pelos médicos não atingiram o resultado
esperado.
Familiares denunciaram ainda que a direção do Hospital das Clínicas
tentou encobrir o erro. “A todo custo eles tentaram encobrir a
perversidade que fizeram com a minha mãe; a perna dela estava retalhada,
embalada em panos e saco plásticos… depois tentaram descartar a perna,
jogndo-a no lixo, tudo para que não víssemos o que eles tinham feito.
Minha mãe veio tentar curar um problema e acabou morrendo por causa de
um erro irresponsável”, disse Ângela Maria.
A reportagem conversou com o Gerente Geral do Hospital das Clínicas, Yôtaro Alberto Camargo Suzuki, que descartou qualquer tipo de negligencia ou erro médico e atribuiu o problema a uma anomalia congênita nas artérias de Leuda Cruz.
“A paciente tinha uma anomalia congênita das artérias que irrigam quadril e coxa; por conta dessa anomalia houve a lesão da artéria no momento de retirar parte do acetablo onde é fixada a prótese. Essa lesão causou grande sangramento, os médicos ainda tentaram corrigir a anomalia para garantir a irrigação do membro inferior direito, porem a reperfusão (chegada de sangue no membro), levou a necessidade de se fazer uma faceotomia (corte na perna para diminuir o inchaço no local). Os procedimentos usados não corrigiram o problema e então foi optado pela amputação, para preservar a vida da paciente”, disse o gerente geral.
No momento da conversa da reportagem com a gerência do hospital, Leuda Cruz ainda estava viva sendo medicada na UTI do HC. Yôtaro Suzuki confirmou que a paciente estava sendo submetida a hemodiálise por conta das complicações renais e que seu quadro era grave e havia risco de morte. Só depois ele soube da morte.
a família promete denunciar o quadro clínico do Hospital das Clínicas do Acre ao Ministério Público Estadual.
por: ac24horas.com
Gleydison Meireles – da redação do ac24horas