Viana critica violência contra manifestantes
Agência Senado - O senador Jorge Viana (PT-AC)
afirmou nesta segunda-feria (17) que as manifestações realizadas nos
últimos dias refletem uma insatisfação com a vida nas cidades. Para o
senador, antes de achar culpados, é preciso entender o que causa a
insatisfação, na sua opinião, legítima.
Jorge Viana disse que é preciso identificar o problema real das
cidades brasileiras e entender que a manifestação se dá em cima de
situações concretas.
- E eu acho que o pior remédio está sendo usado para tentar pôr fim às manifestações, que é o uso da violência – criticou.
Como exemplo da "insalubridade" da vida nas grandes cidades, o
senador mencionou o transporte público. Ele lembrou que, em São Paulo,
por exemplo, muitas pessoas, especialmente as mais pobres, passam grande
parte do seu dia no deslocamento para o trabalho.
Apesar da má qualidade do serviço, o valor da passagem equivale a 14
minutos de trabalho, dez vezes mais que em Buenos Aires, por exemplo.
O senador disse que houve muitos avanços nos anos de governo do PT,
como o aumento da renda e o combate à pobreza. Observou, no entanto,
que, quando ocorrem avanços, a população passa a querer mais. Ele
considerou esse um fato positivo, "ao contrário dos métodos que estão
sendo usados contra os protestos".
Jorge Viana criticou, por exemplo, o uso pela polícia de balas de borracha, apontadas como armas não-letais.
- Ela é letal sim. Ela é menos letal do que a outra bala
convencional, mas ela mata. Dependendo de onde a pessoa for atingida,
morre. E eu nunca vi tantos policiais nesse país usando armas letais
contra manifestações, contra manifestantes. Não é aceitável - afirmou.
Jorge Viana lembrou que foi governador do Acre por oito anos, tendo
enfrentado manifestações com o diálogo, e lembrou que já esteve desse
lado. Para ele, as críticas de que a atual geração é "sem causa" não
procede porque a causa, embora não seja político-partidária, é justa.
Em aparte, o senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu o diálogo e disse que "virou moda criminalizar os movimentos sociais".
Assista abaixo ao discurso de Jorge Viana: