Prefeito de Cruzeiro do Sul deve entregar cargo a qualquer momento
O peemedebista Vagner Sales afinal jogou a toalha. Divulgada na
sexta-feira, uma “nota de solidariedade” do PMDB acreano foi escrita em
tom de derrota. Nos últimos meses, o prefeito cruzeirense terçou armas,
por meio de seus advogados, contra a Justiça Federal. Condenado por
peculato, perdeu a guerra no fim de semana.
SUPREMO Tribunal Federal pôs um ponto final ao mandato de Vagner Sales (PMDB) – Foto: Arquivo
A canoa do peemedebista fez água na quarta-feira, 22, quando ficou
confirmada a condenação a três anos e quatro meses de prisão em regime
aberto. A decisão acarretará a perda do cargo, e foi confirmada pela
ministra relatora do processo Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal
(STF). O próximo passo será notificar o Tribunal Regional Eleitoral do
Acre (TRE) sobre a decisão. O órgão, por sua vez, encaminhará a
notificação à Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul, que deverá cassar
o prefeito e dar posse ao vice, Mazinho Santiago, também do PMDB.
Em breve os eleitores cruzeirenses terão de eleger um novo prefeito.
Despacho da ministra
Cansada da procrastinação a que os tribunais estão sujeitos pelo princípio da ampla defesa, a ministra relatora revelou irritação com as delongas impostas pela astúcia dos advogados do réu, anteriormente condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Escreveu Ellen Gracie: “(…) voto por conhecer e negar provimento ao presente agravo regimental e, devido ao já fundamentado quanto ao abuso do direito de recorrer, por determinar que seja certificado o trânsito em julgado e promovida a baixa imediata dos autos à origem, acompanhados de cópia da presente decisão, para o imediato cumprimento do acórdão condenatório, com o início da execução da pena, e independentemente da publicação desta decisão”.Sem mais o que fazer no campo jurídico, o PMDB de Flaviano Melo tratou de levar a derrota de Vagner Sales para as raias políticas. Sobrou para a Frente Popular do Acre, acusada pelo deputado federal e presidente da sigla no Estado de promover uma campanha implacável de perseguição ao correligionário.
Mas a chorumela dos caciques peemedebistas não poderia vir em pior hora: a mesma justiça que eles insinuam curvar-se aos políticos da FPA impinge, com a operação G-7, enormes dissabores aos petistas, as estrelas da coligação. Se o argumento não cola, reza a cartilha política dos vitimados pelas próprias estripulias que a culpa seja jogada nos adversários. E não foi outra coisa que fez o PMDB de Flaviano.
A condenação que ensejará a cassação de Sales data de 2005, e se refere ao período em que ele era deputado estadual. Foi acusado, junto com os demais parlamentares da época, de se apropriar indevidamente de valores referentes à cota de passagens aéreas.
Ficha suja
Como o processo corria em segredo de Justiça, Sales conseguiu uma certidão para concorrer à reeleição em 2008. A falha da Justiça deu sobrevida ao peemedebista, que sabia da condenação e usou de má-fé para manter-se candidato. Até que os advogados da coligação encabeçada pelo candidato derrotado Henrique Afonso (PV) descobriram a tramoia.Findo os imbróglios jurídicos, restou ao prefeito Vagner Sales o gosto amargo da derrota. Mas o que ele e seus iguais chama de “perseguição”, a população, quando devidamente informada dos fatos, saberá se tratar apenas de justiça.
(Por Archibaldo Antunes/Jornal Página 20)
